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Há quase três anos, Cláudia organiza a Feira Bem Vestida. São diversos brechós da região reunidos em um evento, que costumava ser presencial, em São Leopoldo, e ocorrer a cada três ou quatro meses, em média. "Agora, a maneira que encontramos foi fazer feiras online, por meio de lives no Instagram. Em 70 dias, já realizamos mais de 45 edições e as parcerias arrecadaram mais de R$ 30 mil em vendas", comemora.
O esquema funciona da seguinte forma: de segunda a quinta-feira, a partir das 20 horas, no perfil da feira, é feita uma transmissão ao vivo. Aos sábados, são duas: às 17h30 e às 20 horas, assim como aos domingos, a partir das 16 horas e das 18h30. Cada dia, um brechó diferente apresenta suas peças - uma média de 50 a 60 nesse tempo. "Eu faço a intermediação e a live é compartilhada com o participante. Está sendo um grande sucesso tanto de público, como de visibilidade e vendas", relata, explicando que, nesse período, o recorde foi de 45 peças vendidas em uma hora, somando o valor de R$ 1,7 mil.
As roupas vêm com um código e as "feiretes", como preferem ser chamadas, podem fazer a reserva por meio de um sistema desenvolvido por uma startup especialmente para o projeto. Depois do tour digital, o brechó entra em contato para confirmar e combinar a entrega. Entre as empresas, há participantes de São Leopoldo, Portão, Estância Velha, Novo Hamburgo, Campo Bom e Porto Alegre. "Tem brechó que contratou funcionários justamente pelo aumento de pedidos devido à feira online", pontua Cláudia. E os negócios se expandem cada vez mais. "Desde o último mês temos brechós de outros estados vendendo, como Minas Gerais e São Paulo", afirma.
Além da intermediação, Cláudia acompanha todo o processo da venda: feedback das feiretes, das expositoras, atendimento, cuidado com as peças. Segundo ela, os brechós online têm suas vantagens. "A diferença, pra mim, foi justamente a interação com as clientes. No evento presencial é tanto detalhe para organizar no dia, que não sobrava tanto tempo para escutar as clientes", descreve. Agora, tem até troca de receitas entre elas. "Criamos vínculos. Pelos relatos das feiretes, elas se divertem muito na live. Vai além da compra. Elas se sentem realmente pertencentes ao evento. É feito pra elas", conta.
Mesmo para os brechós que não são muito adeptos das lives, o modelo de vendas digital tem dado certo. "Quando a pandemia começou, logo na primeira semana de quarentena, já começamos a trabalhar online. Também usamos o Instagram, só que preferimos fazer publicações no feed", relata Karem Waltzer, proprietária da Customizei House. A loja existe desde 2016 e tem espaço físico em Novo Hamburgo há cerca de um ano e meio.
"Como atuamos bastante de forma presencial, nunca tínhamos testado nada assim, de vendas online. E não imaginávamos que teria tanta repercussão", comemora. Por meio da nova estratégia, Karem diz que alcançou um público diferente. "Ganhamos vários clientes que antes não conseguiam ir na loja física por conta dos horários de atendimento", afirma. Karem frisa ainda que deu até para fazer o lançamento de uma coleção de marca própria.
Mesmo quem nem conhecia a feira, já virou cliente assídua. "Através da indicação de uma amiga, comecei a assistir as lives. Foi amor à primeira vista", brinca a empreendedora Priscila Monteiro, 37 anos, de Novo Hamburgo, que passou a assistir as transmissões em abril e não parou mais. "De lá para cá, já comprei mais de 65 peças. Estou renovando meu guarda-roupa e até tive que arrumar meu roupeiro para caber mais", conta.
As transmissões organizadas por Cláudia podem ser acompanhadas no Instagram, pelo perfil @feirabemvestida. O brechó de Karem pode ser conferido também no Instagram, pelo perfil @customizei.house
Cláudia lembra que os brechós que tiverem interesse em participar da Feira Bem Vestida não pagam comissão, apenas taxa de inscrição.