"Insustentável." "Um absurdo." "Estamos pagando para trabalhar." "Vou encostar o caminhão e não sei quando volto." Essas foram algumas das frases ouvidas durante a manhã da quarta-feira (22) em postos de combustíveis da BR-116 em Novo Hamburgo. Caminhoneiros, freteiros, funcionários e donos de transportadoras sentem os impactos do novo reajuste no valor do diesel, anunciado na última sexta-feira (17). A Petrobras autorizou alta de 5,18% no preço da gasolina e de 14,26% no preço do diesel no País.
O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs) fala em 'colapso' no setor, com risco de falta de transporte no País. Grande parte da economia brasileira gira em torno do transporte de carga, que funciona por via rodoviária e atende diversos segmentos como alimentação, vestuário, moveleiro, e outros. "Ninguém quer pagar para trabalhar, por isso, pode faltar transporte sim", afirma o presidente do Setcergs, Sérgio Gabardo.
Enquanto a situação não se resolve nas esferas estadual e federal, a saída, conforme Gabardo, é tentar reduzir custos e melhorar a produtividade. "Se hoje eu tenho dez caminhões, vou pensar em ter sete e mais econômicos", avalia.
Embora haja o alerta de possibilidade de falta de transporte, por não compensar rodar pelo alto custo, não há, neste momento, mobilizações ou paralisações previstas por parte da categoria.
Enquanto o reajuste no valor do diesel chega a 57% em um ano, o piso mínimo do frete no País teve reajuste de 29,7% dentro do mesmo período. Em consequência, a categoria acaba tendo que negociar com o consumidor final. "Com o custo que temos deveríamos cobrar quase o dobro. Mas está difícil, tem vezes que aceitamos por menos", desabafa o autônomo Eduardo Jacobs, 58.
Desde o início do ano, o governo federal tenta busca criar um “vale” para os caminhoneiros. O auxílio é de R$ 400 mensais para caminhoneiros autônomos. A medida deverá ser incluída na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em discussão no Senado e que prevê uma política de redução nos combustíveis. A PEC deve ser votada na próxima semana. Entre as medidas está uma compensação aos estados que zerarem o ICMS sobre o óleo diesel, o gás de cozinha, gás natural e etanol.